Rio do Ouro


Estrada de Ferro Rio do Ouro
1876 - 1970

Histórico

Em 6 de agosto de 1876 foi iniciada a construção da Trans-way Rio d´Ouro, entre a Quinta do Imperador no Caju e a represa do Rio do Ouro,  totalizando 52,9 km de extensão. 

A ferrovia foi construída para o transporte exclusivo de materiais e pessoal para as obras de assentamento das grandes tubulações de abastecimento de água da cidade. 

A ferrovia foi inaugurada em novembro de 1876 com 4 locomotivas, um carro de passageiros e 40 vagões de carga.

Em 1881, após a conclusão das obras de abastecimento, a Trans-way foi entregue ao governo federal. A ferrovia era considerada fundamental para os serviços de manutenção dos encanamentos.

Visando diminuir as despesas de manutenção, em janeiro de 1883 foi criado o serviço de passageiros em caráter experimental. Foram abertas as estações Belford Roxo, Bemfica, Pilares, Irajá, Pavuna, Brejo (atual Belford Roxo), Cava e Rio do Ouro.

Posteriormente diversos ramais foram construídos para novas captações de água. A ferrovia passou a ser denominada Estrada de Ferro Rio do Ouro. Em 1885 foi iniciada a construção do ramal de Tinguá, entre Cava e Tinguá, entregue em 3 de outubro de 1886. 

Em 1890 foi inaugurado o ramal da Penha, entre Vicente de Carvalho e a Ponte das Barcas na praia de Maria Angu, onde nos dias de Festa da Igreja da Penha atracavam as barcas da Companhia Cantareira.

Em 1891 no Km 29 da ferrovia, na localidade denominada Brejo em Belford Roxo, foi iniciada a construção do ramal de Xerém. O primeiro trecho do ramal só entregue em 22 de setembro de 1911. Em 


Estrada de Ferro Rio do Ouro em 1895


Estações dos Trens de Subúrbio em 1895

Estrada de Ferro Central do Brasil: Dom Pedro II, São Diogo, São Christóvão, Mangueira, São Francisco, Rocha, Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Meyer, Todos os Santos, Engenho de Dentro, Encantado, Piedade, Cupertino, Cascadura, Madureira, Sapopemba, Km 31, Jeronimo Mesquita, Maxambomba, Realengo, Bangu, Santíssimo, Campo Grande, Santa Cruz. Tempo de viagem até Cascadura: 55 minutos.

Estrada de Ferro do Norte:  Dom Pedro II, São Fransico Xavier, Jockey Club, Bem-fica, Amorim, Bom-sucesso, Ramos, Olaria, Penha, Cordovil, Vigário Geral, Merity, Sarapuhy, Pilar, Rosário, Raiz da Serra, Alto da Serra, Petrópolis. 5 trens/dia/sentido. Tempo de viagem até Merity (atual Duque de Caxias): 56 minutos.

E.F. Melhoramentos do Brasil: Mangueira, Silva e Souza, Jockey Club, Heredia de Sá, Dr.Vieira Fazenda, Cesario Machado, Engenheiro Del Castilho, Ziese, Cintra Vidal (Pilares), Terra Nova, Coselheiro Thomaz Coelho, Engenheiro Leal, Araujo, Coronel Magalhães, Inharajá, Honorio Gurgel, Sapopemba (atual Deodoro). 4 trens/dia/sentido. Tempo de viagem até Sapopemba: 65 minutos.

Estrada de Ferro Rio do Ouro: Caju, Rua Bella, Bemfica, Praia Pequena, Venda Grande, Capão do Bispo, José dos Reis, Pilares, Engenho do Mato, Vicente de Carvalho, Irajá, Collegio, Areal, Pavuna, Coqueiros, Brejo, Itaipú, Retiro, Figueira, Cava, Cachoeira, Paineiras, Rio do Ouro, Reprezas, Santo Antonio, Saudade, São Pedro. Com 3 trens/dia/sentido. Tempo de viagem até São Pedro (Jaceruba): 3h28.

Em 1907 foi inaugurado o ramal de Mantiquira (Xerém). Em  22 de setembro de 1911 foi entregue o prolongamento de Mantiquira até João Pinto com trens de passageiros e mercadorias.

Ramais da Rio do Ouro em 31/12/1910

Linha principal de Caju a São Pedro, 60,247 km
Ramal de Iguassu, de José Bulhões a Tinguá, 12,141 km
Ramal do Rio do Ouro às represas, 2,739 km
Del Castilho a Alfredo Maia (Linha Auxiliar), 9,215 km
Ramal da Penha, de Vicente de Carvalho à Fazenda Grande, 6,426 km
Ramal de Bemfica a Donna Anna Nery, 1,021 km
Ramal de Xerém, de Belford Roxo a Xerém, 20,000 km
Ramal de Inhaúma às Officinas do Engenho de Dentro, 2,400 km
Desvios, triângulos, 5,604 km 
Total: 119,793 km, bitola de 1,00 metro


Em 22 de setembro de 1911, foi inaugurado o tráfego do Ramal de Xerém com 22 km de extensão, circulando dois trens mistos por semana partindo da estação do Caju às segundas e sextas.

Ramais da Rio do Ouro em 31/12/1911

Linha principal de Caju a São Pedro, 59,900 km
Ramal de Iguassu, de José Bulhões a Tinguá, 12,295 km
Ramal do Rio do Ouro às represas, 2,474 km
Liberdade a Alfredo Maia (Linha Auxiliar), 9,215 km
Ramal da Penha, de Vicente de Carvalho à Fazenda Grande, 6,426 km
Ramal de Bemfica a Donna Anna Nery, 1,021 km
Ramal de Xerém, de Belford Roxo a Xerém, 34,991 km
Sub-ramal do João Pinto, 5,667 km
Sub-ramal do Registro, 1,184 km
Ramal de Inhaúma às Officinas do Engenho de Dentro, 2,400 km
Desvios, triângulos, 6,304 km 
Total: 141,877 km, bitola de 1,00 metro

Em 1920, estudava-se transferir a estação inicial do Caju para Alfredo Maia, beneficiando com grande vantagem os passageiros, o que permitiria a compra de novos trens, que seriam 4 locomotivas tipo Mogul, três carros de passageiros de primeira classe e dois carros mistos para passageiros.

Em primeiro de junho de 1922, foi inaugurada a estação Francisco Sá que passou a ser o ponto inicial dos trens da Estrada da Ferro Rio d'Ouro. Até então os trens partiam da Ponta do Caju. Foram acrescidos dois trens diários. A mudança facilitou o acesso centro que refletiu no aumento do número de passageiros e na ocupação do solo ao longo da ferrovia. O número de passageiros transportados passou de 306.300 em 1921 para 1.602.500 em 1923.

A impraticabilidade do tráfego dos trens da Rio do Ouro pela rua da Alegria e Avenida Suburbana levou a transferência dos trens para a Linha Auxiliar. No entanto, os trens da Leopoldina continuaram a circular por essas vias.

Em 1924, a Rio do Ouro contava com 3 locomotivas em bom estado de conservação e uma em condições de trafegar em certos trechos da linha.

Em maio de 1924, o Ministério da Viação autorizou a Companhia Brazileira de Immoveis e Construcções de retirar em caráter definitivo o ramal da Estrada de Ferro Rio do Ouro que partia de Benfica e ia pouco além da rua Anna Nery, afim de que o respectivo leito fosse aproveitado para a abertura de uma rua pela mesma companhia. Posteriormente a rua recebeu o nome de Senador Bernardo Monteiro.

Em setembro de 1924, o Ministério da Viação aprovou o projeto e o orçamento para a construção da linha circular da estação de José Bulhões.

Em dezembro de 1925, engenheiros da Central do Brasil estudavam incorporar a Estrada de Ferro Rio do Ouro à ferrovia, visto a estação inicial da Rio do Ouro estar localizada em terreno da Central do Brasil, os trens passavam pela Linha Auxiliar e a Central contribuía com suas oficinas e nos socorros. 

Em 1926, os operários eram os principais viajantes da Rio do Ouro. 


Brazil-Ferro-Carril, 28/01/1926


Em 13 de maio de 1926 foi inaugurada a estação de Acary, doada pelos proprietários dos terrenos locais. No mesmo ano foi construída a estação de Coqueiros, pela própria ferrovia.

Em outubro de 1927, o Ministério da Viação anunciou que estava sendo planejado a incorporação da Estrada de Ferro Rio do Ouro à Central do Brazil. Em 21 de fevereiro de 1929, em caráter provisório, o Ministério da Viação confiou à Estrada de Ferro Central do Brasil a administração da Estrada de Ferro Rio do Ouro. 

Em março de 1929, a Rio do Ouro mantinha o serviço de trem de subúrbio em três ramais:

Francisco Sá - Belford Roxo, 24 trens/dia
Ramal de Xerém, 8 trens/dia
José Bulhões às Represas (Ramal de Tinguá), 4 trens/dia

Em abril de 1929, visando melhorar a fiscalização das passagens, foi iniciado o fechamento das estações da Rio do Ouro, inicialmente pela estação de Irajá. Em novembro foi fechada a estação de Inhaúma onde embarcavam 800 passageiros diariamente.

Em julho de 1929, foi inaugurada a nova estação de Alcântara, entre a estação de Pavuna e a parada de Coelho da Rocha.

Em 27 de abril de 1930 foi inaugurada a estação do Engenho da Rainha, entre as estações de Inhaúma e Vicente de Carvalho.

Em dezembro de 1930, foi suprimida a estação do Engenho do Matto.

Em 29 de dezembro de 1930, através do Decreto nº 19.444 do governo provisório, a Rio do Ouro foi definitivamente desligada da Inspetoria de Águas e Esgotos.

Material rodante em março de 1930

Locomotivas, 18
Carros de passageiros de 1ª classe, 10
Carros de passageiros de 2ª classe, 23
Carros de passageiros mistos, 3
Vagão de correio, 2
Vagão de animais, 8
Vagão de mercadorias fechados, 56
Vagão de mercadorias abertos, 10
Vagão de serviço, 8

Ferrovia Rio do Ouro em julho de 1930

Caju a São Pedro, 61,600 km
Ramal Donna Anna Nery, 0,862 km
Ramal Engenho de Dentro, 2,324 km
Ramal Xerém, 40,527 km
Ramal de Registro, 1,184 km
Ramal de Tinguá, 12,314 km
Ramal de Represa, 2,519 km

Em 15 de janeiro de 1932 foi inaugurada a estação Areal, no Km 16,895, entre as estações do Colégio e Acary. 


Estação Collegio na década de 1930
Foto Arquivo Nacional


Em 1940, os trens de passageiros paravam nas seguintes estações: Francisco Sá, Liberdade, Inhaúma, Engenho da Rainha, Vicente de Carvalho, Irajá, Colégio, Areal, Acari, Pavuna, Vila Rosali, Agostinho Porto, Coelho da Rocha, Belford Roxo, José Bulhões, Rio do Ouro, Xerém, Tinguá, Triagem do Rio do Ouro.

Em fevereiro de 1945, o diretor da Central do Brasil, Alencastro Guimarães, baixou uma portaria determinando que a Comissão de Eletrificação da Linha Auxiliar procedesse os estudos de eletrificação da Estrada de Ferro Rio do Ouro. 

Em 1950, foi inaugurada a eletrificação de uma via do trecho Pavuna - Belford Roxo.


Passagem de nível de Irajá em 31/08/1950
Foto Arquivo Nacional
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Estação do Collegio
Diário de Notícias, 04/04/1952


Em junho de 1953, a linha Francisco Sá - Belford Roxo era operada com Maria Fumaça.


Estrada de Ferro Rio do Ouro em 1956


Em julho de 1960, o projeto de eletrificação da Estrada de Ferro Rio Douro estava no programa de quase todos os candidatos a governador.

Em junho de 1963, o ramal Belford Roxo - Xerém ainda era operado com Maria Fumaça.

Em 1964 foi erradicado o ramal de Tinguá, entre Cava e Tinguá, considerado antieconômico. Em 13 de agosto de 1964 foram fechadas as estações do trecho  Inhaúma - Acari.

Em primeiro de maio de 1969 foi suspenso o tráfego no sub-ramal de Xerém entre Belford Roxo e Xerém. No dia 5 de maio de 1969 foi fechado o ramal de Tinguá. Finalmente, em 1970, circulou o último trem para Jaceruba, extinguindo os trens de passageiros da antiga Estrada de Ferro Rio do Ouro. A estação Liberdade, construída ao lado da estação Del Castilho da Linha Auxiliar, foi demolida.


O Globo, 26/08/1973


Em 2 de agosto de 1977 foi demolida
 a estação Engenho da Rainha para a construção do Pré-Metrô.

Extensão (Km)

1899        103,000
1909        119,793
1910        137,193
1920        134,603
1923        127,676
1930        121,330

Passageiros Transportados

1922           306.300
1923        1.602.500
1924           930.616
1925        1.461.319
1926        1.602.505


REFERÊNCIAS:

Cogita-se da incorporação da Rio d´Ouro à Central do Brasil. A Manhã. Rio de Janeiro. 01 janeiro 1926.

Fechamento da estação de Inhaúma. Revista das Estradas de Ferro. Rio de Janeiro. 15 novembro 1929. p.509.

Pequenas Informações. A Batalha. Rio de Janeiro. 26 abril 1930. p.3.

Eletrificação do Rio Douro. Revista das Estradas de Ferro. Rio de Janeiro. 15 fevereiro 1945. p.3964.

Eletrificação necessária. O Jornal. Rio de Janeiro. 16 janeiro 1960. p.16.

Guerrilheiros cercados nas matas de Capivarí. Última Hora. Rio de Janeiro. 22 junho 1963. p.2.