segunda-feira, 15 de novembro de 2021

SuperVia enterra e concreta cabos para evitar furtos e estancar prejuízos, que em 2021 já somam R$ 1,5 milhão

14/11/2021 - Extra

Por Marcos Nunes

A onda de furtos de cabos de sinalização de trens, que, de janeiro a novembro, somou 668 ocorrências e causou a interrupção ou cancelamento de mais de 1.220 viagens, pode começar a diminuir nos próximos meses. Para tentar estancar o prejuízo à SuperVia, que em 11 meses somou R$ 1,5 milhão com gastos para reposição de material levado por criminosos, a concessionária iniciou a instalação de cabeamento subterrâneo na malha ferroviária que liga o município do Rio a 11 cidades.

Segundo dados da agência reguladora de Transportes no estado (Agetransp), os trabalhos começaram na última quinzena de outubro. E pela linha mais violada pelos bandidos: o ramal de Japeri. De acordo com levantamento feito da SuperVia, no período acima descrito, esse ramal somou 15.474 metros de cabos furtados. A quantidade representa 55% dos 28.255 metros levados nos 11 primeiros meses do ano em todos os ramais da concessionária. Pelo menos um dos 14 km do trecho que liga Japeri a Queimados já teve a instalação de cabeamento subterrâneo concluída, incluindo ainda uma camada concretada de proteção. Segundo o gerente de sistemas elétricos da SuperVia, Wladmir Rocha de Amorim, o objetivo do trabalho é zerar o crime.

— É uma ação para mitigar e reduzir ao máximo os furtos e roubos. Esperamos que seja zerado — diz ele, explicando que quando um cabo é furtado em determinado local toda a circulação de trens no trecho é prejudicada: — Quando ocorre um corte de cabo de sinalização, todos os sinais do trecho ficam vermelhos. Por segurança, ele passa a ser controlado por rádio, com auxílio do Centro de Controle de Operações. Assim, o maquinista só pode dar a partida na composição após autorização por rádio. Isto influencia a circulação de trens. O projeto é para evitar este tipo de situação. Assim, o passageiro poderá ter uma viagem sem interrupções.

Até o fim de 2022, o cabeamento subterrâneo deve estar pronto em todo o ramal Japeri. O de Santa Cruz, 2º no ranking de furtos, deve começar a ter cabos subterrâneos a partir de 2023. Só nos dez primeiros meses de 2021, houve 286 cancelamentos ou interrupções de viagens causados por este tipo de delito na linha que liga a Central a Santa Cruz, na Zona Oeste. O 3º lugar no ranking é do ramal Gramacho/Saracuruna, com 226 paralisações. Já o ramal de Belford Roxo aparece em 4º lugar com 43. Ainda não há previsão para troca de cabos nos dois últimos.

A Polícia Civil informou que uma investigação está em andamento e que duas operações para combater furto a cabos de trem foram deflagradas e já resultaram em prisões de suspeitos de cometer furto e receptação de cabos, fios, sinais e de material de fixação de trilhos. Entre os que já foram parar atrás das grades estão furtadores, donos de ferros-velhos clandestinos, funcionários e até donos de recicladoras. A polícia diz é que novas ações e prisões estão programadas.

Os números mostram a escalada desse crime. Só nos dez primeiros meses do ano, o ramal de Japeri registrou 650 interrupções ou cancelamentos de viagens de trem causados pelo furto de cabos, de fios e peças de fixação de trilhos. Em 2020, foram registradas apenas nove interrupções por conta do mesmo problema durante todo o ano.

— No ramal Japeri, além do número de furtos, aumentou também a quantidade furtada. Inicialmente eram dez, 20 metros levados em cada trecho. No primeiro semestre de 2021, isso passou para cem , 200 e 300 metros em média — disse Wladmir Rocha.








Nenhum comentário:

Postar um comentário