terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Segundo novo trem da SuperVia chega ao Rio

04/02/2014 - Revista Ferroviária

Chegou a cidade do Rio de Janeiro na ultima sexta-feira (31/01) o segundo trem nacional adquirido pela SuperVia. O veículo faz parte de uma encomenda de 80 carros de passageiros feita pela concessionária à Alstom e que chegarão ao longo do ano. O trem está em fase final de montagem na oficina de Deodoro, na Zona Oeste da capital carioca. 
 
O primeiro trem, recebido no início de janeiro, está em período de testes no ramal Japeri que, segundo a concessionária, por ser reto e plano, favorece as avaliações de velocidade para aceleração e desaceleração. Os procedimentos incluem os sistemas de tração, freios e portas. A previsão é que, ao final de todos os testes, o trem tenha percorrido mais de 2 mil km, o equivalente a 32 viagens da Central do Brasil à estação Japeri. A nova composição deverá entrar em operação no mês de março.
 
A SuperVia iniciou um processo de renovação de sua frota em 2012, com a aquisição de 120 carros chineses, mais a aquisição de 80 carros por parte da concessionária e outros 280 por parte do Governo do Estado. Todos os carros já foram comprados ou licitados. Os trens terão montagem finalizada na fábrica de trens em Deodoro.

Especialista: problemas estruturais em trens no Rio escondem investimentos

03/02/2014 - Portal Boa Informação

Por Ale Silva/Futura Press - Boa Informação

O descarrilamento de um trem na estação São Cristóvão, no ramal Saracuruna, que paralisou todo o sistema ferroviário do Rio de Janeiro no último dia 22, é um exemplo extremo das situações são "menores", mas muito mais recorrentes, que os usuários enfrentam diariamente. Além do desrespeito aos carros femininos, janelas quebradas, trens mal iluminados, sujos e circulando de portas abertas ainda são motivo de reclamação.

Números da SuperVia

40% dos 3.260 trens inspecionados não contavam com iluminação completa

30% de 3.076 trens em operação tinham janelas avariadas

40% dos trens, entre 5.799 fiscalizados, estavam sujos externamente

10% de 3.262 trens analisados em uso estavam sujos internamente

445 trens circularam com as portas abertas, entre 5.790 inspecionados

Dados de out.2013, divulgados pela Agetransp

No entanto, de acordo com informações do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), Agetransp (Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos de Transportes do Rio) e SuperVia, foram investidos R$ 2,55 para cada passageiro transportado no último ano – cerca de 90% do valor da passagem paga atualmente, R$ 2,90.

Maria de Fátima Martins, que todos os dias vai de Nova Iguaçu à Central no trem das 5h25, é uma entre os usuários que levantam a bandeira por melhorias. "Os trens estão sucateados, falta uma mudança mesmo, os trens estão com mais de 30 ou 40 anos. É difícil você ver um trem com ar condicionado. Quando vê, é um atraso constante", afirma. Segundo ela, a situação fica pior devido às interrupções no sistema. "No dia que o trem ficou paralisado, que houve acidente em São Cristóvão, eu fiquei presa na estação São Francisco Xavier, machuquei o braço, pisaram no pé, cheguei no serviço 10h30 da manhã, saí de casa 5h25. Cheguei no serviço, em Botafogo, toda cansada, amassada", lembra.

Mas, se os investimentos são significantes, por que os usuários ainda têm muitos motivos para reclamar? Para o professor Hostilio Ratton, do Programa de Engenharia de Transportes da pós-graduação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), é necessário analisar a necessidade efetiva de investimentos.

"Existe uma curva de causa e efeito, que chamamos de curva S. Quais recursos eu tenho para aplicar e o que esses recursos vão me trazer de resultado? Quando o sistema está muito ruim, gasta-se muito dinheiro e melhora pouco", explica. "Depois, a partir de um ponto, investe pouco e aparecem resultados muito rápido. Isso é um fato, não tem como escapar. Assim como depois quando você está muito bom, não consegue melhorar muito;"

A SuperVia reconhece o atraso inicial do sistema. "A meta inicial era recuperar um sistema que há 30 anos não recebia investimentos. O número de reclamações registradas na central de atendimento caiu 48%, e foi registrado um aumento do número de embarques. Os investimentos são de médio e longo prazos".

Mas a concessionária já projeta uma mudança.  "O panorama é que até 2016 a frota de trens seja 100% refrigerada. Vale ressaltar que essa renovação está em curso desde 2012 e os trens antigos serão gradativamente substituídos pelos novos, até que todos saiam de circulação nos próximos dois anos".

O gerente da Agetransp, que fiscaliza a concessionária, abaliza uma melhora das condições até 2016. "Até o final de 2015, deve haver mais estabilidade no sistema, com expectativa de falha a cada 400 mil quilômetros rodados [o que seria ideal, segundo ele], mais estável, menos inesperado. Não deve resolver tudo, porque quando você chegar nessa situação, aumenta a demanda, há expectativa de mais trens ainda. Mas, em termos de estabilidade, deve melhorar muito", diz. Hoje, a série de trens em circulação, da década de 1980, chega a ter uma falha a cada 29 mil quilômetros rodados.

Procurada, a Secretaria de Transportes enviou apenas dados de alguns dos últimos recursos destinados às ferrovias, que passam por "intenso programa de investimentos" que deve duplicar a capacidade de transporte da rede até as Olimpíadas de 2016.

Entre as benfeitorias já feitas, o órgão lista a compra de 30 novos trens chineses, entregues em 2012, a um custo total de US$ 166 milhões (cerca de R$ 400 milhões). No mesmo ano, comprou outros 60 novos trens, com previsão de entrega para abril deste ano – investimento de US$ 300 milhões (cerca de R$ 724 milhões). Reformas e modernizações também constam nas ações do governo estadual.

Aos usuários diários do sistema, a solução é esperar que os trens façam o mais rápido possível a curva desse S da questão.

Valores

O contrato de concessão do sistema ferroviário urbano, firmado com a nova gestão da SuperVia em 2011, confere responsabilidade de investimento de R$ 2,4 bilhões, divididos igualmente entre capitais estatal e privado, até 2020.

No entanto, o valor foi ampliado (em R$ 900 milhões, segundo a Supervia) e o tempo reduzido, para 2018. Do valor investido pela concessionária, só no ano passado foram somados R$ 312 milhões.

Esse montante gerou um investimento de R$ 2,04 para cada um dos mais de 152 milhões de passageiros transportados em 2013.

Já o governo estadual, de acordo com dados fornecidos pelo TCE-RJ, investiu cerca de R$ 78 milhões com exclusividade nos trens no mesmo período. Uma relação de cerca de R$ 0,51 por usuário em 2013.

A Secretaria de Transportes não comentou os valores. O UOL solicitou entrevista com o secretário Júlio Lopes, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.

Fonte: Portal Boa Informação